
A Sócrates não interessa o conteúdo do tratado, mas que o tratado tenha o nome de Lisboa. O que vai perpetuar é o nome do tratado e o local onde foi assinado e quem era na altura Primeiro-Ministro... porreiro, pá!
Deste modo a variabilidade ia se perdendo a cada geração como muitos argumentavam, e em contrapartida Darwin sugeria que talvez o ambiente fizesse com que novas variações aparecessem...
10 comentários:
"Porreiro pá!..."
E mesmo o comentário mais apropriado...
Claro que a história recordará o Tratado de Lisboa como o fim de um impasse institucional grave ao nível da União Europeia, conseguido sob uma unanimemente reconhecida, até pelo guru social-democrata de seu nome Cavaco Silva, bem sucedida presidência portuguesa. O muito querido líder da oposição, Luís Filipe Menezes, disse que Sócrates devia era preocupar-se com as questões de política interna. Caso para dizer, "nada porreiro, pá!" É, infelizmente, o nível degradado a que a pálida oposição PSD nos tem habituado. Sequiosa de contradizer, sem o mínimo de coerência, afirma, em três meses, tudo e o seu contrário. Que o bom senso dos portugueses deixei estar o "porreiro" enquanto não houver nada melhor para oferecer do que "o menino-guerreiro".
“O novo Tratado Europeu assinado em Lisboa é uma manta de retalhos ilegível”, quem o diz não sou eu, é o Expresso na sua edição do passado Sábado num esclarecedor texto acompanhado de uma ainda mais esclarecedora fotografia com o “Sarko” a passar pelas brasas.
Mas é disto que o povo gosta: festa! Muita luz, muita cobertura televisiva, muita poeira para os olhos… Há, claro está, duas formas de “fazer” as coisas, i) fazendo-as e ii) fazendo de contas que se fazem. Ambas podem obter resultados, numa primeira assumpção interessantes, mas não necessariamente eficazes e duradouros.
Parece-me indiscutível que este governo está a especializar-se na realização de eventos mediáticos, de muito folclore e que, como primeiro resultado, o podem projectar, criar alarido e, de facto, têm tido excelentes resultados, nem que para isso tenham de torcer a “espinha dorsal” dos valores …humanos (… no mínimo) e sentar-se à mesma mesa com, pois é, DITADORES!
Bom mas enquanto houver quem insista em colocar estas questões, fulcrais, no medíocre plano politico, optando por desculpar, condescender ou até apoiar só porque é da cor partidária A ou B continuaremos isso sim a viver um alegre nacional porreirismo.
A tal manta de retalhos ilegível, afirmada por um jurista entrevistado pelo Expresso e não pelo Expresso itself, aparece, surpreendentemente, aos olhos dos líderes europeus provenientes dos mais variados quadrantes políticos, como a solução de acordo possível para o fim do impasse institucional grave que condenava a Europa a um imobilismo nada saudável perante os desafios que se avizinham. Obviamente que o Tratado, a fim de congegrar diferentes interesses oriundos dos muitos Estados-membros, tem imensos artigos e alíneas que, sensacionalisticamente como se viu no Expresso, podem dar aso a afirmações taxativas e manifestamente redutoras, como é o caso da supra citada. Que, para quem, como é o vosso caso, em nada simpatiza com actual presidência portuguesa, dá muito jeito para condenar ao fracasso aquilo que, até para outros colunistas do jornal semanário que aqui se pretende considerar como o "texto sagrado", é visto como um passo decisivo na construção europeia. E não me parece que o povo goste de festa, como atestam as entrevistas das pessoas junto da cimeira UE-África, que condenavam tanto movimento luxuoso e ostentação, com o já esperado discurso: "há tanta gente com fome e...". Obviamente que isto é uma realidade, tal como é uma realidade que Portugal tinha que presidir a União Europeia, esperando-se de José Sócrates a continuidade do trabalho começado por Angela Merkel, não se aceitando que o Tratado Reformador passasse por nós de uma forma irresponsável. A imagem do nosso país sairia fortemente fragilizada, desencentivando investimento externo e, mais importante do que isso, criando novamente a ideia de que não havia competência diplomática para conduzir os destinos da UE. Felizmente, os tempos da incompetência duraram curtos quatro meses, embora paire no espírito de muitos o saudosismo dessa incompetência, aí sim, festiva. Mas o tal povo que, pelos vistos só gosta de aparato, na altura breve da escolha, saberá optar por quem tem, consolidadamente, restaurado alguma da confiança na imagem de Portugal.
A primeira sensação com que se fica quando se lê o comentário anterior é a de um certo recuo no tempo. Há ali qualquer coisa de “… eu ainda me lembro!”. Não é nada habitual encontrar textos escritos por jovens com uma mentalidade tão manietada, tão formatada por cores e desígnios políticos. A coisa soa muito a cassete e ficamos sem saber se há, por detrás, algum espírito analítico puro e genuíno ou se é só uma papagaidada de reunião politica de sexta à noite com muito garra e muito punho hirto.
Dê-se o benefício da dúvida, retire-se o ruído e vejamos as afirmações plasmadas:
1. Foi encontrada a solução para o fim do impasse institucional grave que condenava a Europa ao imobilismo;
2. Congregaram-se os diferentes interesses oriundos dos Estados-membros;
3. O EXPRESSO é um semanário sensacionalista;
4. O tratado é visto como um passo decisivo na construção europeia;
5. José Sócrates é continuidade do trabalho começado por Angela Merke;
6. Em Portugal há competência diplomática para conduzir os destinos da EU;
7. Restaurou-se a confiança na imagem de Portugal
Bom pouco há a dizer a não ser que ao lerem-se estas pérolas rapidamente se faz o mesmo exercício que em Matemática se designa por “Prova por Absurdo”.
Não resisto contudo à #5. Comparar José Sócrates a Angela Merke atinge os píncaros. Não sei que mal tão grande é que a senhora lhe fez para estar tão zangado com ela.
A imagem de Portugal está, indubitavelmente, em alta. Não temos um mas dois Special Ones. Não será por acaso que ecos desse estrelato ecoam em jornais, talvez sensacionalistas, como o “Le Monde” e o “El País” que escrevem: “Se nos limitarmos a vê-lo, sem ouvirmos o que diz, julgaremos que governa um continente…” e “ Trata-se de um actor consumado…”
Uma última nota para a recorrente referência que faz a um determinado período desastroso da nossa recente vida politica, com frases tipo como “ 4 meses da incompetência”, “…menino guerreiro”, etc. Talvez pretenda vincular os que não concordam consigo a essa mesma rotulagem, talvez não tenha outros argumentos que essa episódica governação, talvez nunca tenha pensado nisso… mas quero que saiba que o tenho em melhor conta do que àqueles que insistem em fingir e jurar a pé juntos que não perceberam que se tratou de um mero processo de agenda e ajustamento no interior do Partido Socialista orquestrado pela então primeira figura do País. Bem cara lhe ficou a palhaçada. É. Também acho que foi um triste episódio.
Quanto ao actual governo. O tal que é perfeito e perfeitamente liderado pelo nosso segundo Special One, não é mais nem menos que o único governo até ao momento que ao fim do mesmo tempo de governação ainda não resolveu um único problema. É isso mesmo meu caro. Pergunta lá nas reuniões e veja se lhe dizem alguma coisa que não seja que a culpa é do menino guerreiro e por ai adiante. Quer exemplos? Cá vai:
Saúde: um péssimo Ministro; está tudo por resolver; as carreiras dos médicos continuam por definir; os resultados dos hospitais EPE são uma desgraça, os cortes que se tem conseguido não têm sido à custa de aumento de eficácia mas sim de fecho de serviços;
Educação: uma verdadeira desgraça; iniciam-se reformas que não são concluídas; recua-se a todo o momento;
Justiça: idem, ibidem com a agravante de ter de ser o Tribunal Constitucional a vir por ordem na casa no respeitante aos Juízes;
Outros: Aeroporto – onde é o raio do Aeroporto; TGV? Referendo? Desagravamento dos Impostos? Arrendamento Jovem, ui ui…
Claro caro Pudim que tudo isto não faz grande sentido se não se tiver de viver de um salário, se não se tiver um crédito hipotecário às costas, se não se tiver filhos a estudar, se não se depender de uma reforma, se não se tiver de pagar a gasolina que se mete no carro, se o carro nem sequer for nosso, se não se tiver de pagar do nosso bolso a Portagem da Auto-Estrada, se não se tiver de ir às compras, ao talho, ao supermercado. Claro. O que fica? O que fica não é de todo afectado pela governação actual, centrada num novo estilo centralizador, que até podia ser interessante se contribuíssem para o bem-estar e a melhoria de vida dos Portugueses, em geral, o que, tem de concordar, não é de todo o caso.
A minha participação e consciência cívica não foi nunca influenciada por reuniões partidárias, pelo puro e simples facto de que nunca participei em nenhuma. Chegar a essa conclusão pelo simples facto de que exprimi uma opinião contrária à sua é um exercício de deselengante prepotência intelectual. Eu não disse que o Expresso era um jornal sensacionalista, mas sim que rotular o novo Tratado Europeu como sendo uma "manta de retalhos ilegível" foi um tratamento sensacionalista. Não deturpe as coisas que escrevi a favor dos objectivos de retórica que definiu para o seu comentário. Afirmar que a dissolução da Assembleia da República foi um mero acto de agenda política do Partido Socialista é acreditar que todas as instituições democráticas em Portugal estão falidas, tornando o poder político nacional numa espécie de "camorra" napolitana subjagada às exigências partidárias. O povo português, o tal que só gosta de espalhafato, pelos vistos então, não percebeu aquilo que, pelos vistos, só por aqui é consensual e, imagine-se, foi dar uma maioria absoluta a Sócrates. Se na altura já existisse este blogue, a desgraça que se tinha evitado. Em relação ao facto do governo não ter ainda resolvido um único problema, não me posso ainda pronunciar pois estou à espera da reunião da próxima sexta onde me vão fornecer as orientações partidárias para responder a afirmações como essa. Como abri o pulso no fim d'ano, não sei como o vou manter em riste no encontro da maçonaria, mas lá hei-de arranjar uma solução. Se este blogue não tolera o contraditório seria bom que apagassem então a secção dos comentários para que, como eu, não haja mais papalvos a cometer o erro de discordar da opinião dos gestores. Erro no qual, obviamente, não tornarei a cair.
Podia vir para aqui tecer mil críticas às políticas de direita, mas como esse assunto não é para aqui chamado resta-me dizer, salientando o facto de ser de esquerda, que o actual governo de José Sócrates tem actuado o mais à direita possível. Por isso, caros defensores socratianos, para quê tanto ataque à direita? O PS, nos dias que correm, não é nem de perto nem de longe um partido de esquerda...
Caro Pudim,
Este blogue não só aceita o contraditório como o promove.
Prova disso é exactamente esta troca de argumentação livre e sem pré-formatos ou passagens prévias por mail.
Limitei-me, nestes últimos apontamentos, a fazer um exercício de desmontagem da sua argumentação por me parecer, e mantenho-o, formatada por chavões ideológicos de algibeira e despida da irreverência que lhe esperava, que espero daqueles com quem tenho gosto em discutir, explorar todos os ângulos, ver aquilo que normalmente passa despercebido.
Reconheço que o julguei mal, pressionei demais e acabei por contribuir não para a genuína discussão, como pretendia, mas para a derrapagem da mesma. Acontece!
Lamento tê-lo feito fazer beicinho. Pelo menos que isso contribua para melhores reacções futuras!
Receba um abraço,
J Geria.
p.s.: estava a pensar na sua birra e a ouvir as notícias da revolta e tristeza dos habitantes de Vouzela, S. Pedro do Sul, Anadia, Fundão, … irónico este mundo!
Esperar irreverência não é sinónimo de esperar concordância, pois não? É que irreverência, pelo que já pude perceber, significa seguidismo da opinião dos gestores. Se não se concorda, é porque se leu a argumentação num panfleto qualquer do PS.
Não posso deixar de insistir na tecla de que me impressiona a alta conta em que tem o seu pensamento político, "... explorar todos os ângulos, ver aquilo que normalmente passa despercebido.", confrontando esta presunçosa assunção de retórica com os argumentos utilizados em post anterior, "Educação: uma verdadeira desgraça; iniciam-se reformas que não são concluídas; recua-se a todo o momento;" Não posso deixar realmente de saudar a profundidade a que se chega com tal afirmação, digna apenas de altos comentadores políticos, patamar ao qual, modestamente, não posso ambicionar chegar. Mas, num mero exercício de dedução, presumo que se quando se fala em desgraça se esteja a falar no aumento de alunos no ensino secundário, ou no aumento do número de cursos tecnológicos e profissionalizantes, ou nos centros novas oportunidades, ou nos cursos de educação e formação para adultos, ou nos centros rvcc, ou na melhoria dos equipamentos informáticos nas escolas... deve ser por aí. São ângulos de discussão aos quais não consigo facilmente chegar. Falta-me a irreverência da concordata.
Aceite, com alguma dose de modéstia, que não promove a discussão livre e saudável a partir do momento em que, por discordarem de si, questiona a origem e a autoria do pensamento da pessoa com quem discute, rebaixando-a a um mero espectador atento de reuniões partidárias. Eu não afirmei que, pelo simples facto de dar a entender que tudo o que tenha o selo do governo é condenável para si, ouviu isso na reunião do partido na sexta à noite, pois não? Seria deselegante fazê-lo. Pois assuma que o foi, só lhe fica bem.
Caro Pudim,
Obrigado pelo(s) comentário(s).
Aprendi consigo.
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